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  • Foto do escritorElibia Tinoco

O profeta e a viúva



Situada na costa do mar Mediterrâneo, a Fenícia destacava-se das demais nações por sua frota naval e intensa atividade comercial com os povos d’além mar. A cidade-estado de Tiro era famosa no coração dos mares por sua formosura e riqueza. Nela viviam os homens mais sábios e entendidos em toda sorte de arte e manufatura em bronze e madeira. Tiro sobrepujava as cidades irmãs Sidom, Arvade e Gebal.

Em um passado distante, apesar de politeístas, os fenícios tinham boas relações comerciais com os vizinhos israelenses, adoradores do único Deus verdadeiro, Javé. No entanto, quando essas relações se estreitaram através do casamento de Acabe, rei de Israel, com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, Israel cometeu o pecado da idolatria ao prestar culto a Baal. Então, o Senhor, Deus de Israel, ficou irado com seu povo e reteve a chuva por três anos e seis meses. A seca era severa em toda Israel e nações vizinhas. E o povo padecia de fome.

Havia em Israel um profeta do Senhor cujo nome era Elias. Por ter denunciado o pecado de Acabe, Deus mandou que se escondesse junto ao riacho de Querite. De uma maneira extraordinária, corvos o sustentaram com pão e carne duas vezes por dia. Quando as águas do riacho secaram, Deus ordenou ao profeta que fosse para uma terra fora dos domínios de Israel; justamente a terra natal da perversa rainha Jezabel. Então Elias obedeceu e partiu.

Anexada ao território de Sidom encontrava-se a cidade de Sarepta. De vez em quando o silêncio da noite era interrompido pelo latido de um cão. Acordada, uma pobre viúva velava o sono do único filho. O calor era sufocante, mas ela temia abrir a janela do diminuto cômodo. Naqueles tempos de escassez a violência corria solta; fazia-se qualquer coisa por um pedaço de pão.

Quando os primeiros raios de sol entraram pelas frestas da janela, a mãe olhou com pesar para o filho adormecido e rumou para a porta da cidade. Seus passos arrastados levantavam uma pequena nuvem de poeira denunciando a sequidão do solo. Enquanto apanhava uns gravetos, foi surpreendida por um homem estrangeiro que se dirigiu a ela pedindo-lhe um pouco de água para saciar a sede e um pedaço de pão para matar a fome. Ao reconhecer aquele homem como um adorador do Deus hebreu, a pobre mulher revelou-lhe sua completa miséria. Diante de um quadro tão desolador, como poderia ela sustentar a si mesma, seu filho e um estrangeiro? A despeito de tudo, o profeta lhe garantiu que se ela confiasse na palavra do Senhor, jamais faltaria o suficiente para ela e seu filho viverem até que os primeiros pingos de chuva caíssem sobre a terra. E ela creu.

Os dias se passaram e não havia mais lembranças da penúria de outrora. Conforme a palavra do Senhor, o profeta Elias, a viúva e seu filho foram sustentados pela provisão divina que milagrosamente multiplicava na botija o azeite e na panela a farinha. Então, o infortúnio mais uma vez bateu à porta daquele lar. Tendo adoecido gravemente, o filho da viúva veio a falecer. Confusa, a mãe relacionou a morte do filho a alguma iniquidade por ela cometida. Elias clamou ao Senhor e o menino foi devolvido com vida à mãe. Então aquela mulher estrangeira fez uma das mais belas confissões de fé que se tem registro: “Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade”.

Essa bela história foi relembrada por Jesus milênios de anos depois para ensinar que é mais fácil um profeta ser reconhecido por um estrangeiro do que por seus próprios conterrâneos. Portanto, não se surpreenda se algum desconhecido bater em sua porta pedindo um pedaço de pão. Pode ser que Deus esteja testando sua generosidade e compaixão.


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