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  • Foto do escritorElibia Tinoco

Razão e Sensibilidade



Quando vou visitar meus pais, gosto de provocar minha mãe dizendo que sua filha predileta acabou de chegar. Então ela responde fingindo-se zangada: “todos os meus filhos são iguais, não tem este e nem aquele”. A pequena discussão termina com um beijo e um abraço apertado.

Não quero contrariar minha querida mãe, mas, sendo eu a quarta de cinco filhas, consigo ver nitidamente o jeitinho peculiar de cada uma de nós. E, nessas diferenças, vejo beleza e completude. Talvez seja por isso que me identifico com a história de duas irmãs incríveis, apesar de terem vivido milênios de anos atrás. Por favor, posicione-se confortavelmente e deleite-se com o que vou lhe contar.

Não muito longe do agito de Jerusalém, a caminho de Jericó e ladeada pelo Monte das Oliveiras, encontrava-se uma pequena aldeia chamada Betânia. Quem buscasse um lugar calmo e convidativo ao repouso, certamente se hospedaria ali e não em Jerusalém. Apesar de humildes, os moradores eram hospitaleiros e apreciavam uma mesa farta e bem servida.

O arrulhar dos pombos e rolas nos galhos da figueira anunciavam a chegada da aurora.

Como acontecia todos os dias, com a precisão de um relógio, Marta despertou e, minutos depois, dirigiu-se à cozinha da casa com a agilidade que lhe era peculiar.

Não havia tempo a perder; após um breve desjejum, fez uma lista mental dos afazeres mais urgentes e foi até a despensa para checar o estoque de alimentos. O azeite estava quase no fim; então ela encarregou um servo para que extraísse o precioso óleo do fruto da oliveira, o qual seria prensado na mó que ficava em um depósito no fundo do quintal. O azeite seria usado na culinária, nas lamparinas e até mesmo para o preparo de unguentos. À medida que as demandas iam surgindo, Marta resolvia tudo com eficiência e primor.

Maria também acordou com bastante disposição. No entanto, ao contrário de Marta, ela precisava de um pouco mais de tempo antes de começar a rotina doméstica.

Ela gostava de aproveitar o frescor das primeiras horas do dia para ouvir o som melodioso dos pássaros enquanto fazia suas orações ou recitava os salmos que aprendera com seu irmão Lázaro; ele morava na mesma aldeia que ela e sua irmã Marta.

Certo dia, as irmãs foram surpreendidas com uma visita especial. O próprio Jesus, o Mestre que andava por todas as aldeias e cidades ensinando sobre o reino de Deus e curando toda sorte de doenças e enfermidades, estava de passagem por Betânia. Marta o convidou para hospedar-se em sua casa; Jesus era amigo íntimo da família. A anfitriã apressou-se em arrumar a casa e servir um lanche para todos. Maria não perdeu tempo e acomodou-se aos pés de Jesus enquanto ouvia atentamente seus ensinamentos. Marta ficou magoada e sentiu pena de si mesma. Então ela foi queixar-se com Jesus: por que ele não mandava Maria ajudá-la? Em vez de tomar o partido de Marta, o Mestre aproveitou a oportunidade para ensinar-lhe uma preciosa lição sobre prioridade.

Algum tempo depois, a rotina na casa de Marta e Maria foi quebrada novamente. Desta vez Jesus não estava presente. As irmãs mandaram chamá-lo com urgência, pois Lázaro encontrava-se gravemente enfermo. O recado era preciso: “Senhor, está enfermo aquele a quem amas”.

Já havia se passado quatro dias desde que Lázaro fora sepultado. A tristeza invadiu a casa daquelas irmãs a quem Jesus amava. Solidários, os amigos vieram confortá-las. Alguém contou para Marta que Jesus estava chegando. Então ela saiu ao seu encontro e, ao avistá-lo, a triste mulher traduziu em palavras um pensamento que a vinha consumindo: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão”. A partir daí Jesus teve um diálogo profundo com Marta e lhe fez uma das mais extraordinárias revelações: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente”. Então, olhando fixamente nos olhos dela, perguntou: “Crês isto?”. Rendida, Marta confessou: “Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”.

Marta avisou a Maria que Jesus queria vê-la. Ela correu ao seu encontro e jogou-se aos pés do Senhor, lavando-os com suas lágrimas. Jesus não dialogou com Maria, ele chorou com ela. Em seguida, todos os presentes acompanharam Jesus até o túmulo de Lázaro. Jesus orou ao Pai. Lázaro voltou à vida e muitos creram em Jesus.

Para encerrar essa bela história, vou descrever-lhe um momento muito sublime na vida dessas irmãs. Faltavam seis dias para a Páscoa, a mais importante festa judaica. Uma ceia foi preparada para Jesus. Lázaro estava presente. Marta servia a mesa. Maria quedava-se aos pés do Mestre. Lázaro estava grato a Jesus por devolver-lhe a vida. Marta servia com alegria e Maria adorava ao Senhor. No lugar do cheiro de morte, toda a casa estava perfumada. Em um ato de extrema devoção e gratidão, Maria tinha derramado um perfume caríssimo sobre os pés de Jesus, enxugando-os com seus cabelos. Alguns discípulos a repreenderam. Jesus a defendeu e declarou: “Onde for pregado em todo o mundo este evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua”. E foi por isso que essa bela história chegou até você. Passe-a adiante!



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